O debate sobre o Antropocénico é tão impressionante como o próprio Antropocénico

A ideia do Antropocénico tem sido pluralizada, reconceptualizada, renomeada, para tentar perceber o momento singular em que vivemos, tenha ele tido início há 70, 150, 500 ou milhares de anos.

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Afinal, não existe o Antropocénico; no entanto, existe. O mais atual e brilhante dos paradoxos científicos é a (agora oficial) não-existência do Antropocénico. Ainda que não comprovado (ou rejeitado) pelo comité que tutela a interpretação das categorias geológicas num planeta que é dominado pela nossa espécie, este que é (ou era) o tempo dos humanos mantém-se, ainda assim, como discurso dominante, dada a total permeabilidade do conceito nos meios de comunicação, nos mais variados círculos académicos, no dia-a-dia e até na cultura popular dos nossos dias. Porque se os critérios necessários para validar uma nova época geológica, neste caso a que se seguiria ao Holocénico, não parecem ser os suficientes (ou os certos), o tempo é irrefutavelmente o do Antropocénico, pelo que a ideia e o debate público, iniciado há mais de duas décadas, permanecem vivos e estão para ficar.

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