Aquacultura nas escolas – mãos à obra!

Neste sistema as plantas crescem sem solo mas a sua qualidade surpreende logo pelo seu aroma.

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A educação escolar é fundamental para criar bases para todo um futuro e deve ser encarada como uma forma de se despertar as crianças e jovens para problemas cada vez mais desafiantes como é o caso da segurança alimentar. As alterações climáticas trazem elevadas preocupações a esse nível e já vemos alguns países como a Namíbia a terem de matar animais selvagens como elefantes, hipopótamos e zebras para assegurar o acesso a proteína animal. No entanto, é curioso constatar que a aquacultura tem ficado sempre longe da solução para este problema. A aquacultura marinha, que não apresenta os constrangimentos da água doce, pois é exatamente o acesso à água que tem prejudicado fortemente a agricultura e pastorícia, tem um potencial imensurável no fornecimento de proteína e gordura de elevada qualidade. Sendo o pescado um alimento equilibrado a nível nutricional e a aquacultura uma atividade com uma pegada ambiental muito inferior à das indústrias de produção de animais terrestres, não se compreende porque é que os decisores políticos tardam a apostar, finalmente, no cultivo de pescado.

O projeto Aquaponia nas Escolas nasce da consciencialização de que é preciso mudar as mentalidades e explicar a crianças e jovens que precisamos de apostar em alimentos de qualidade e em formas sustentáveis de produção. A aquaponia é o cultivo conjunto de peixes e plantas num sistema fechado. Apresenta inúmeras vantagens como a poupança de água, dispensa do recurso a fertilizantes químicos e funcionamento como sistema simbiótico, em que os peixes são alimentados a ração e as plantas utilizam o seu desperdício como fertilizante para o seu próprio crescimento, melhorando a qualidade da água que regressa aos peixes. Neste sistema as plantas crescem sem solo mas a sua qualidade surpreende logo pelo seu aroma.

A Aquaponia nas Escolas é uma iniciativa conjunta de uma empresa privada, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (Ipma) e de um laboratório colaborativo, contando ainda com o apoio do Aquário Vasco da Gama. Tem como objetivo a instalação de um sistema de aquaponia nas escolas e possibilitar aos alunos alimentar os peixes e fazer o cultivo de várias espécies de plantas como alfaces, cebolinho, couves, manjericão, entre outras, que depois são consumidas pelos alunos. Este projeto permite que a comunidade escolar tenha acesso a ciência aplicada e compreender de forma prática uma série de disciplinas ligadas não só à biologia mas também química, matemática e até desenvolver tecnologia como apps para monitorização do cultivo. Em alunos mais velhos é ainda possível realizar pequenas experiências e desenvolver o pensamento científico. O programa ocorre em escolas aderentes, através da instalação de um sistema de aquaponia, um conjunto de sensores e um pacote workshops.

A Aquaponia nas Escolas é um despertar para a ciência e um incentivo para que os adultos do futuro possam ter os recursos necessários para tomarem as melhores decisões para a humanidade e para o planeta.

A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico